AUTORES EM PSICANÁLISE
Psicanalistas, escritores, médicos, filósofos, pacientes etc. e suas contribuições para o campo psicanalítico.
(Esta é uma lista colaborativa - para correções, complementos e sugestões de autores entre em contato.)
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ANNA O. (PAPPENHEIM, BERTHA)
(Áustria*1859+1936) Foi paciente de Breuer de dezembro de 1880 a junho 1882. Ajudou Breuer a desenvolver o método catártico. Era, por acaso, amiga antiga de Martha Freud, com quem manteve contato após rompimento do tratamento com Breuer. Foi encaminhada por Breuer para o sanatório de Robert Binswanger (pai de Ludwig Binswanger). Tornou-se assistente social (a primeira na Alemanha), e fundou periódico e institutos. Com Breuer, cunhou as expressões "cura pela fala" e "limpeza de chaminé".

JANET, PIERRE MARIE FÉLIX
(França*1859+1947) Psicólogo, psiquiatra e filósofo. Criou um modelo original conjugando as ideias de energia, eficiência e competência social. A partir do momento em que a psicanálise ganha projeção nos debates científicos no meio médico (notadamente 1913), Janet sustentou a acusação que se fez de que Freud de ter-lhe roubado a psicanálise, desvirtuando-a. Dizia que o inconsciente era apenas “uma forma de falar”. "fraqueza mental congênita”, “fracionamento da consciência”, “dissociação”, “subconsciente”, “empobrecimento psicológico”, “sentimento de incompletude”.

HEAD, HENRY
(Inglaterra*1861+1940) Neurologista. Recebeu a Fellowship of the Royal Society. Foi pioneiro em pesquisas do sistema somatossensorial (algumas delas conduzidas em si próprio), e seus interesses transitaram entre a fisiologia e a psicologia. “esquema corporal”, “sistema somatossensorial”, “afasia semântica”.

IRMA (LICHTHEIM, ANNA HAMMERSCHLAG)
(Áustria*1861+1938) Uma das pacientes preferidas de Freud, filha de seu antigo professor de religião no secundário, Samuel Hammerschlag. É a paciente do importante sonho da injeção. (Há uma certa confusão entre os pesquisadores, que antes achavam que se tratava de Emma Eckstein. Peter Gay chegou à conclusão de que o relato de Freud condensa um pouco das duas. Anna Freud relatou que se tratava de Lichtheim, que era sua madrinha).

ANDREAS-SALOMÉ, LOU
(Rússia/Alemanha*1861+1937) Escritora e psicanalista, cresceu em uma família de intelectuais. Fora aluna de Freud antes da primeira guerra, e retoma contato no início desta. Seu círculo de amizades inclui Turguenev, Tolstói, Steinberg, Rodin, Rilke, Schnitzler e Nietzsche. “sexualidade feminina”, “erotismo anal”.

RIE, OSCAR
(Áustria*1863+1931) Pediatra dos filhos de Freud e amigo da família, era casado com Melanie, irmã da esposa de Fliess, Ida. Aparece associado à figura de “Otto”, no sonho da injeção de Irma. Foi assistente de Freud (1886 a 1896) na Clínica Kassovitz, e publicou um trabalho com ele em 1891: “Um estudo clínico da paralisia cerebral em crianças”. Participou das reuniões das quartas-feiras, e fez parte da Sociedade Psicanalítica de Viena.

TURNER, JULIA
(Inglaterra*1863+1946) Formada em artes, psicanalista. Participou do movimento das suffragettes. Fundou com Jessie Murray a Clínica Médico-Psicológica de Brunswick, em 1913, por muitos anos a referência de formação analítica em Londres. Em conformidade com o estilo da clínica, possuía um interesse por distintas teorias. Diante das pressões para tornar a instituição estritamente psicanalítica, desliga-se e forma a Psychological Aid Society que, contudo, durou apenas um ano. “auto-consciência”.

ROCHA, FRANCISCO FRANCO DA
(Brasil*1864+1933) Psiquiatra. Foi um dos pioneiros na introdução de conceitos psicanalíticos no meio psiquiátrico brasileiro. Foi o idealizador e fundador do Hospital Psiquiátrico de Juqueri (originalmente Asilo de Alienados do Juqueri), um dos maiores da América Latina, com concepções mais modernas de tratamento. Apesar disso, também compartilhou do ideário eugenista de Francis Galton, que gozava de algum prestígio naquele momento no meio médico. Auxiliou Durval Marcondes na fundação da Sociedade de Psicanálise de São Paulo, da qual foi também primeiro presidente. Foi o primeiro professor de neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo. “pansexualismo”, “delírio”, “terapia laboral”.

ECKSTEIN, EMMA
(Áustria*1865+1924) Escritora, tornara-se amiga da família Freud, depois de seu tratamento com este, em 1892, 1893 e 1895. Foi sujeita a uma cirurgia com Fliess, com resultados quase catastróficos – depois de realizar um procedimento, ele esqueceu uma gaze em sua cavidade nasal. O episódio está presente nas associações que Freud faz de seu sonho da “injeção de Irma”. Também a partir de seu caso que Freud chega a uma formulação mais precisa da “ação a posteriori” e da “teoria da sedução”. “devaneios”, “educação sexual e social”, “feminismo”.

GRODDECK, GEORG WALTHER
(Alemanha/Suíça*1866+1934) Médico, psicanalista e escritor. É considerado um dos pioneiros da psicossomática. De início, adotou ideias eugenistas e nacionalistas. Cunhou o conceito de Es, depois reapropriado por Freud, em um sentido não exatamente igual. “das Es”, “etiologia psicológica como regra”, “ambivalência”.

ROLLAND, ROMAIN
(França*1866+1944) Escritor, historiador da arte e notório pacifista, ganhou o prêmio Nobel de literatura em 1915. Foi um correspondente e amigo de Freud até a morte deste. Nesta correspondência sugeriu a Freud a ideia de um “sentimento oceânico”, utilizada no “Futuro de uma ilusão” e em “O mal estar na civilização”.

ELIZABETH VON R. (WEISS, ILONA)
(Hungria*1867+1944) Paciente dos “Estudos sobre a histeria”, sem adesão à hipnose, com quem Freud aprendeu a observar a resistência na fala. Foi paciente de Freud entre 1892 e 1893.

SADGER, ISIDOR ISAAK
(Galícia/Áustria*1867+1942) Médico forense e depois psicanalista, foi um dos pioneiros estudiosos sobre a homossexualidade e narcisismo. Morreu no campo de concentração de Theresienstadt. “sadomasoquismo”, “narcisismo” (nesta grafia).

MURRAY, JESSIE MARGARET
(Índia/Inglaterra*1867+1920) Médica, feminista e psicanalista. Participou do movimento das suffragettes. Fundou com Julia Turner a Clínica Médico-Psicológica, em 1913, por muitos anos a referência de formação analítica em Londres. De caráter multidisciplinar, recebeu soldados traumatizados da primeira guerra, assim como um público que não podia pagar por tratamentos. “analistas seculares”, “multidisciplinaridade”.

STEKEL, WILHELM
(Ucrânia/Áustria*1868+1940) Psicólogo, médico, escritor e psicanalista. Foi aluno de Krafft-Ebing. Participou do início do grupo das quartas-feiras, e foi inicialmente considerado um dos seguidores mais inspirados de Freud. Aos poucos, contudo, gerou muitas inimizades e insatisfação para Freud, passou a ser considerado sem tato e descuidado com as ideias (chegou a ser acusado por Tausk de falsear casos). Afastou-se de Freud em 1912, desejando seguir um caminho próprio. Denunciou Theodor Reik por "exercício não autorizado de prática médica", em 1924. Fez uma breve análise com Freud. “autoerotismo”, “parafilia”, “simbolismo onírico”, “análise ativa”, “histeria de angústia”.

ADLER, ALFRED
(Áustria*1870+1937) Médico (interessou-se pela oftalmologia e neurologia), psicanalista, depois criou sua própria vertente de psicoterapia e pedagogia (por exemplo, sempre divergiu quanto à importância do recalque e da libido inconsciente). Foi integrante original da “sociedade das quartas-feiras”, na casa de Freud, e participou da sociedade até 1911, da qual cindiu acompanhado por um pequeno grupo de outros participantes. Defendia ideais socialistas e marxistas. “agressividade e sexualidade como instintos separados”, “psicologia individual”, “protesto masculino”, “complexo de inferioridade” (em diálogo com o “sentimento de incompletude” de Janet), “inferioridade de órgão”, “compensação”, “teleologia”, “holismo”.

HITSCHMANN, EDUARD
(Áustria/EUA*1871+1957) Médico, psicanalista. Foi, por um tempo, médico da família de Freud, tendo sido apresentado a ele por Paul Federn. Era membro ativo na B’nai B’rith, junto com Oscar Rie. Escreveu biografias de cunho psicanalítico, como Franz Schubert e William James. Foi um dos fundadores do International Journal of Psychoanalysis. Nos EUA, teve várias confrontações intelectuais com Helene Deutsch.

FEDERN, PAUL
(Áustria/EUA*1871+1950) Médico e psicanalista. Foi assistente de Hermann Nothnagel, que apresentou para ele os trabalhos de Freud. Defendia a existência de uma psicanálise pública. Interessava-se pela clínica das psicoses. Nos EUA, suicidou-se após uma das recorrências do que parecia ser um câncer da bexiga. “sentimento de si”, “estados do Eu”, “mortido” (em contraponto a libido), “falta de libido narcísica na psicose”.

HUG-HELLMUTH, HERMINE
(Áustria*1871+1924) Trabalhou como professora infantil, depois formando-se em física. Interessou-se então pela psicanálise. Publicou um diário de grande sucesso sobre a sexualidade feminina, sob um pseudônimo. Em 1910 publicou o pioneiro artigo “Análise do sonho de um garoto de 5 anos”, ao qual se seguiram alguns outros. Foi analisanda de Isidor Sadger. Em 1920 apresentou um artigo no congresso de Hague chamado “Sobre a técnica da análise de crianças”.

FERENCZI, SÁNDOR
(Hungria*1873+1933) Psiquiatra, Psicanalista, foi um grande colaborador e amigo íntimo de Freud. Teve um interesse inicial em hipnose. Clínico sensível e criativo que antecipou vários desenvolvimentos da psicanálise contemporânea, e não se inibiu de experiências clínicas que geraram alguma polêmica. Aos sessenta anos sofreu de uma anemia perniciosa e degenerativa que rapidamente comprometeu sua saúde até a morte. Foi mal compreendido pela comunidade psicanalítica por muitos anos, a partir de um comentário infundado e difamatório de E. Jones sobre sua saúde mental. Teve análises pontuais com Freud. “introjeção”, “confusão de línguas”, “trauma e a criança mal acolhida”, “identificação com o agressor”, “cisões traumáticas da personalidade”, “contratransferência”, “análise mútua”, “Orfa”, “experiência emocional corretiva”.